Recuperação judicial no agronegócio em 2024

No terceiro trimestre de 2024, o agronegócio brasileiro registrou uma queda de 40,7% nos pedidos de recuperação judicial em relação ao trimestre anterior, totalizando 254 solicitações, segundo dados recentes de órgãos especializados em monitoramento econômico. Esse declínio reflete uma recuperação parcial do setor, mas ainda levanta preocupações, pois o número é superior ao registrado no mesmo período de 2023.

Embora a redução no número de pedidos demonstre sinais de resiliência, a comparação com 2023 revela a continuidade de dificuldades estruturais no setor. Preços baixos de commodities, como soja e milho, aliados a custos elevados de insumos, incluindo fertilizantes e defensivos agrícolas, têm pressionado a margem de lucro de produtores e cooperativas.

Dado relevante: O índice de preços de commodities agrícolas, medido pelo Cepea, apresentou queda acumulada de 8% no terceiro trimestre de 2024, enquanto os custos de produção subiram cerca de 12%, segundo a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Essa combinação de fatores reduz a liquidez dos produtores, dificultando o cumprimento de obrigações financeiras.

Custos de produção e acesso ao crédito

O aumento dos custos financeiros tem sido um dos principais desafios para o agronegócio brasileiro, afetando diretamente a capacidade de pequenos e médios produtores de acessar crédito e manter suas operações viáveis. 

Com a elevação da taxa Selic para 12,25% ao ano, o crédito rural tornou-se mais caro, afetando especialmente pequenos produtores, que enfrentam maior dificuldade em renegociar dívidas e manter o capital de giro. Por outro lado, iniciativas como o Plano Safra têm buscado mitigar esses impactos, alocando R$ 364 bilhões em recursos ao setor em 2024.

Dados relevantes: Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o custo médio dos financiamentos rurais subiu cerca de 30% em 2024, enquanto o índice de preços dos insumos agrícolas aumentou 12% no mesmo período. Esses números pressionam produtores a reduzir investimentos em tecnologias ou a adotar práticas de menor produtividade para equilibrar as contas.

Impacto nos pequenos produtores e grandes players

Os pequenos produtores são os mais vulneráveis a essa conjuntura, representando mais de 60% dos pedidos de recuperação judicial no agronegócio, de acordo com o Sebrae. Com margens operacionais estreitas, esses produtores enfrentam dificuldades para absorver os custos elevados e acessar linhas de crédito com condições favoráveis.

Já os grandes players, embora tenham maior capacidade de resiliência, também enfrentam desafios significativos. A volatilidade cambial e a queda na competitividade internacional, agravadas por preços baixos de commodities e custos elevados de produção, têm reduzido suas margens de lucro e afetado planos de expansão.

Impactos financeiros no setor

Os efeitos financeiros desses desafios se refletem diretamente no desempenho do setor. Segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o custo de produção subiu em média 15% no último ano, impactando principalmente culturas de alto investimento, como soja, milho e algodão. Esses aumentos não foram plenamente compensados por ganhos de produtividade, criando um cenário de pressão financeira contínua para os produtores.

Acesso ao crédito rural: restrições e alternativas

O crédito rural, tradicionalmente uma ferramenta vital para o agronegócio, enfrenta entraves que limitam sua eficácia no apoio aos produtores. A alta dos juros e a seletividade nas concessões de crédito por parte das instituições financeiras têm restringido o alcance das políticas públicas de financiamento ao setor.

Restrição de acesso ao crédito

A elevação dos juros tornou as linhas de crédito menos acessíveis para pequenos produtores, que representam 87% das propriedades rurais brasileiras, segundo o IBGE. Esses produtores dependem de programas como o Plano Safra, que destinou R$ 364 bilhões ao agronegócio em 2024, mas não têm conseguido acessar os recursos devido às exigências mais rigorosas para aprovação.

No âmbito privado, empresas têm buscado alternativas de financiamento alinhadas a práticas sustentáveis. Por exemplo, a ACP Bioenergia, uma das principais produtoras independentes de cana-de-açúcar do Brasil, obteve recentemente um financiamento de R$ 100 milhões vinculado a indicadores de sustentabilidade por meio do Rabobank. Essa estratégia não só proporciona recursos financeiros, mas também incentiva a adoção de práticas agrícolas responsáveis.

Essas ações, tanto governamentais quanto privadas, são fundamentais para fortalecer a resiliência do agronegócio brasileiro, proporcionando suporte financeiro e promovendo práticas sustentáveis que asseguram a competitividade e a sustentabilidade do setor no longo prazo.

 

Impacto das restrições no crescimento do setor

A combinação de custos elevados e crédito restrito limita a capacidade do agronegócio de expandir sua produção. A CNA alerta que, sem acesso a crédito em condições adequadas, o crescimento projetado de 5% no PIB do agronegócio para 2025 pode ser comprometido, prejudicando não apenas pequenos produtores, mas também a cadeia produtiva como um todo.

Esses desafios exigem estratégias inovadoras e parcerias sólidas para garantir que o agronegócio brasileiro mantenha sua relevância no mercado global.

Para superar esses desafios, é essencial que o setor adote estratégias de mitigação de riscos e fortalecimento da gestão financeira, como:

  1. Hedging contra variações de preços de commodities: Proteção contra oscilações nos mercados internacionais.
  2. Investimentos em tecnologia: Aumentar a eficiência produtiva para compensar os custos elevados.
  3. Renegociação de dívidas: Buscar condições mais favoráveis junto a bancos e cooperativas financeiras.

Dado relevante: A CNA projeta uma recuperação gradual para o agronegócio em 2025, com aumento de 5% no PIB do setor, impulsionado por melhores preços de commodities e maior estabilidade no mercado de insumos.

A redução nos pedidos de recuperação judicial é um sinal positivo, mas os desafios estruturais e conjunturais do agronegócio exigem soluções integradas. Estratégias robustas de gestão financeira e inovação tecnológica serão cruciais para assegurar a sustentabilidade do setor, especialmente diante das pressões globais por maior eficiência e competitividade.

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